Editorial

Dedicação discreta

Era sábado, pouco mais de 17h, quando na Praia das Nereidas, em São Lourenço do Sul, quando dois meninos, pouco mais de 15 anos de idade, saíam da lagoa com seu caiaque. Logo atrás, dois guarda-vidas seguiam. O que se sucedeu foi uma conversa de cerca de dez minutos entre os quatro, em que os trabalhadores orientavam os rapazes sobre segurança na água, a importância do uso de colete salva-vidas para a prática de esportes náuticos, a necessidade de permanecer dentro das áreas demarcadas e as dificuldades e surpresas que mesmo águas calmas podem oferecer em um momento de distração. O papo, em um tom de aconselhamento, encerrou com apertos de mãos e um pedido para eles repassarem a dica a amigos que também praticam o esporte. Foi notada por pouquíssimas das centenas de pessoas ao redor.

A situação descrita acima é o exemplo do trabalho discreto realizado por centenas de profissionais do setor público - mas também do privado - que atuam diariamente de maneira quase invisível para manter a normalidade, tudo em seu lugar e, de certo modo, todos vivos e bem. Quantas vezes você, caro leitor, frequentou a praia sem sequer notar os guarda-vidas por ali? Pode nunca ter precisado, ou mesmo presenciado um salvamento, mas no verão, centenas, talvez milhares de profissionais passam os dias em nossas praias, a postos nas guaritas, prontos para encarar a água para salvar a vida de alguém.

Fora eles, são tantas e tantas outras pessoas que fazem a cidade funcionar sendo raramente notadas. Passa pela pessoa que mantém uma UBS funcionando, o monitor que abre a escola, o gari que deixa a cidade limpa, o motorista do ônibus que segue fielmente sua rota, o porteiro do prédio, o profissional da segurança pública, enfim. Embora as lideranças políticas e empresariais sejam sempre tão valorizadas, inclusive nas páginas de absolutamente todos os jornais, também há um trabalho silencioso do cidadão quase invisível que mantém o mundo girando. Imagina se eles, por um dia, decidissem não trabalhar? Que caos!

Há certa beleza nisso, não é mesmo? E também há a necessidade de nós, imprensa, e nós, sociedade, valorizarmos mais essas pessoas. O mundo funciona porque diariamente pessoas levantam de suas camas, saem de suas casas e exercem alguma atividade que é essencial para si e para o próximo. Muitas vezes, vão e voltam por anos sem sequer ser notadas. Uma ode ao trabalhador invisível!

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